sábado, 10 de setembro de 2011

A Palavra de Deus, dom à Igreja
59. Na sua grande bondade, Deus Uno e Trino quis comunicar ao homem o mistério da sua vida escondida nos séculos (cf. Ef 3, 9). No seu Filho Unigénito Jesus Cristo, Deus Pai pronunciou, na graça do Espírito, a sua Palavra definitiva, que interpela todo o homem que vem a este mundo. A condição fundamental para que o homem encontre Deus é a escuta religiosa da Palavra. Vive-se a vida segundo o Espírito na proporção em que se é capaz de dar espaço à Palavra, de fazer nascer o Verbo de Deus no coração humano. Não é, de facto, o homem que pode penetrar na Palavra de Deus, mas é só esta que pode conquistá-lo e convertê-lo, levando-o a descobrir as suas riquezas e os seus segredos e abrindo-lhe horizontes de sentido, propostas de liberdade e de plena maturação humana (cf. Ef 4, 13). O conhecimento da Sagrada Escritura é obra de um carisma eclesial, que é posto nas mãos dos crentes abertos ao Espírito.
Diz São Máximo, o Confessor: «As palavras de Deus, se são simplesmente pronunciadas, não são escutadas, porque não têm como voz a prática dos que as pronunciam. Se, ao contrário, são pronunciadas juntamente com a observância dos mandamentos, têm com essa voz o poder de fazer desaparecer os demônios e levar os homens a construir o templo divino do coração com o progresso nas obras de justiça».[113] É questão de se entregar ao louvor silencioso do coração num clima de simplicidade e de oração adoradora como Maria, a Virgem da escuta, uma vez que todas as Palavras de Deus se resumem e devem ser vividas no amor (cf. Dt 6, 5; Jo 13, 34-35).
60. A Igreja, como comunidade dos crentes, é convocada pela Palavra de Deus. Ela é o âmbito privilegiado em que os crentes encontram Deus que continua a falar na liturgia, na oração, no serviço da caridade. Por meio da Palavra celebrada, de modo especial na Eucaristia, os fiéis inserem-se cada vez mais na Igreja comunhão, que tem a sua origem na Trindade, mistério da comunhão infinita.
O Pai, que no amor do Espírito Santo cria tudo o que existe por meio do Filho e em vista d’Ele (cf. Col 1, 16), continua essa sua obra originária naquilo que o próprio Filho opera (cf. Jo 5, 17) sobre a terra. A sua obra é a sua Igreja, Igreja do Verbo incarnado, caminho que de um lado é descendente – de Deus para o homem – e do outro é ascendente – do homem para Deus (cf. Jo 3, 13). Nesta Palavra viva e eficaz (cf. Heb 4, 12), a Igreja nasce, edifica-se (cf. Jo 15, 16; Actos 2, 41s.) e encontra a plenitude de vida (cf. Jo 10, 10).
Por mandato do Senhor Jesus ressuscitado, a Igreja, comunidade dos seus discípulos, guiada pelos Apóstolos, é convidada a anunciar a salvação, sempre e em toda a parte, na fidelidade à Palavra do Mestre: «Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura» (Mc 16, 15). 

COLABORAÇÃO DE XISTO E DALILA - EQ. 2B I - Brasília - DF

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