terça-feira, 19 de julho de 2011

O LADO HUMANO DO CASAMENTO

O lado humano do casamento


1. Amar é cuidar do outro. O cuidado, o interesse e a ocupação pelo outro constituem sinal do amor maduro e, portanto, do amor conjugal. "Casei-me contigo para que tu sejas, tu cresças, te realizes, te salves e te santifiques. Quero que tu vivas." Eis o significado do sim matrimonial. É preciso cuidar também das coisas do outro, de seus bens e interesses. Quem cuida, providencia, prevê, provê. Cuidado é ocupação, envolvimento, atenção, zelo. Nunca é dominação, afetação, obsessão. Essas são patologias do cuidado.

2. Senso de humor. É a capacidade de relativizar as coisas, criar uma atmosfera leve e agradável. O sorriso enternece, cria laços, transforma sentimentos, cura doenças. Alegria e bom humor são terapia. Não é bom termos o olhar do urubu, mas o do garimpeiro. Pensamentos aflitivos são destrutivos. O bom humor é um jeito humano de querer o bem dos outros.

3. Falar dos sentimentos. O que é reprimido e escondido causa doenças e leva à explosão. Não é bom viver de imagens, poses e aparências. Falar o que sentimos, livra-nos do fardo da imagem falsa, faz-se necessário. Quem não fala, cai naquilo que esconde. Quem fala seus sentimentos geralmente é respeitado e alcança confiança no relacionamento.

4. O valor do sexo. A sexualidade humana é uma linguagem. Mais que corpo, o sexo humano é afeto, carinho e amor. A carne não basta para saciar nossa fome de amor. O encontro íntimo é o abraço de dois corações, duas esperanças, duas consciências, duas almas. O leito conjugal é um altar, e o quarto nupcial, um templo, porque tudo é puro para quem é puro. O prazer é um dom a serviço da vida.

5. Cultivar amizades. Casamento não é isolamento, nem amizade a dois. O amor é comunicativo, expansivo, difusivo. Boas amizades são remédio para o casamento, refúgio seguro, tesouro inestimável, escudo protetor, sol iluminador. Casais amigos, grupos e equipes de casais são apoio, consolo, orientação, correção. Nossos amigos são bons anjos que nos levam a nós mesmos, aos outros e a Deus.

6. Ter um entretenimento pessoal. A pessoa precisa deste "algo a mais", um hobby, uma distração, algo prazeroso que sirva de descanso, bem-estar, relax, etc. Eis o valor da música, do esporte, do passeio, da cultura, da religião, da natureza, da criatividade. Estes gostos pessoais precisam ser respeitados e valorizados pela outra parte.

7. A tolerância. Casamos com as sombras, as fraquezas, as limitações do outro. Quando amamos não escondemos nosso lado frágil, porque sabemos que seremos aceitos e compreendidos. Amamos o outro inteiramente: dons e sombras. Quem ama aceita a fragilidade do outro para ajudar a transformá-lo. Daí o valor da tolerância, da paciência, da compaixão.

8. Correção fraterna. O amor dá sentido à vida, quer o bem do outro. Quem ama diz a verdade com amor. No amor não há máscaras, poses, aparências, mentiras. O amor liberta do medo e acolhe a correção. Casamos para crescer, sair de nós mesmos, viver centrados. Daí a importância da correção fraterna, pois o casamento é escola e comunidade de vida e amor. Um aprende com o outro, pais aprendem com os filhos. Casamento é para o crescimento.

Dom Orlando Brandes, bispo diocesano de Joinville



 

Nenhum comentário:

Postar um comentário