A FAMÍLIA NO PLANO DE DEUS
Pe.Gerson Schmidt
Deus não é solidão e isolamento. Não é separação e divórcio. Deus é família (João Paulo II, Homilia Puebla). No mais íntimo de seu ser. Deus é aliança de amor, comunhão profunda de pessoas, essência e fundamento da família.
O criador, ao modelar a criatura, imprimiu-lhe sua imagem e semelhança. Deus não fez o homem isolado e só. Criou-o como espelho de si mesmo, onde o amor faz de três um. Criando homem e mulher na complementaridade e reciprocidade. Deus fez surgir o primeiro núcleo da humanidade, "célula primeira e vital da sociedade" (Apostolicam Actuositatem,11. Masculino e feminino, ao se encontrarem na diversidade e alteridade, sem perder a originalidade e a identidade que lhe são próprias ( Puebla, 582), quebram a solidão inicial(Gn 1,27). No intercâmbio de vida e amor, encontram seu princípio fundante e original: Deus. No isolamento, o ser humano se frustra. Somente encontrará sua realização e felicidade se viver sua vocação e destino para o qual foi criado: viver o amor em família, em comunidade. A família é o lugar privilegiado para a realização pessoal junto com os seres amados (Santo Domingo, nº 214).
O ser humano não será feliz enquanto não buscar sua identidade própria na Trindade de Amor. No mistério profundo da Trindade, a família encontrará sua razão de existir. Amando-se mutuamente, pais e filhos comunicam entre si o Espírito Santo e entram no circuito da Trindade. Na vivência do amor recíproco e verdadeiro,testemunham a existência e presença de Deus, que é amor (cF.l Jo 4,8).
Na unidade do amor , tornam-se à semelhança e imagem divina, geradores de vida, protagonistas na obra da criação, co-criadores da história. Pelo amor vivido e celebrado tornam-se intérpretes do amor de Deus. Por isso, a abertura à vida é sinal revelador da autenticidade do amor conjugal (Familiaris consortio,32).
Realizando um relacionamento humano-divino, perene na casa, eis que o pai de família repete simbolicamente a função do eterno Pai, a mãe aquela do Espírito Santo e a prole aquela de Jesus. Reflexos da Trindade, os três tornam-se um só coração e uma só alma, perfeita comunidade de amor. O milagre da casa de Nazaré então se repete: gerar no amor Cristo para as pessoas. Além da «vida física" a missão sacramental da família é transmitir a vida divina. Na doação da própria vida um para o outro, a exemplo do amor de Cristo na cruz pela Igreja, a família se torna Igreja Doméstica, semelhante às primitivas comunidades Cristãs, onde não havia necessitados entre eles. Repetindo o gesto do Calvário, a família será santuário de vida redenção e ressurreição (cf. Ef 5, 25-33). Nela se revelará as quatro facetas do amor humano, divino e eclesial: fraternidade, filiação, irmandade e nupcialidade ( Puebla, 583).
Deus,no seu excelso e infinito poder, ao criar o mundo poderia já há um só tempo fazê-lo totalmente populado. Mas não o fez. Ele criou um homem e uma mulher, dando a eles a responsabilidade de popular a terra, numa primeira a profunda demonstração de sua consciência da célula chamada família. O Criador, ao ver a sua criação se degenerando, resolveu que deveria terminar com tudo e recomeçar. E assim ele fez com o dilúvio, mas antes ele tomou Noé e sua família e a preservou para o recomeço. Outra vez, valoriza o Senhor Deus a família. Quando quis mandar a salvação aos homens e através de seu Único Filho» Ele o fez nascer no seio de uma família pobre para nos mostrar, num gesto de suprema humildade, o grande e efetivo valor da família para a realização de todos os seus planos.
A família não é criação humana. Não é uma instituição fabricada pelo homem. Não é invento e produto da inteligência e vontade humana. É um projeto original e querido por Deus. É a obra-prima da criação, uma das instituições mais amadas por Deus (João Paulo II,abertura para a Campanha da Fraternidade). E o que Deus fez pessoa alguma jamais pode desfazer. O que Deus uniu o homem não separe.
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